Diabolização começou a ser desmontada há mais de um século, benefícios estão comprovados, há até vantagens várias no contexto de uma relação a dois. Mas o preconceito resiste.

Há uma cena marcante em “Annie Hall”, película realizada por Woody Allen em 1977, em que, a meio de uma troca de ideias acalorada entre o par romântico do filme, a discussão deriva para a masturbação. “Bem, finalmente estamos a entrar num assunto sobre o qual sabes alguma coisa”, atira Annie Hall, em tom provocatório. Alvy Singer (representado pelo próprio Woody Allen), visivelmente irritado, não se fica. “Ei, não menosprezes a masturbação. É sexo com alguém que amo.” A tirada haveria de se tornar icónica, sendo ainda hoje recordada por muitos que viram o filme. É também reveladora do caminho que se tem feito em relação à discussão sobre o tema. Mas, afinal, o que nos diz a ciência sobre este ato de estimulação dos órgãos genitais, que tem como objetivo a obtenção do prazer sexual e que pode ser realizado tanto a sós como com companhia?

Rui Soares, consultor de sexologia clínica no IPO de Coimbra e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, ajuda a responder à questão. “Sabemos hoje que há um conjunto de hormonas que são estimuladas…