Trair é quebrar a confiança com quem se partilha a vida. Mas obriga também a olhar para dentro, a ir ao chão e erguer-se. Sozinho ou em casal.

Subitamente, um abalo atingiu Catarina. Por uns segundos, o mundo parecia estar todo a tremer. Talvez dentro da sua cabeça estivesse mesmo. O coração estremeceu. Sentiu-o frio. E uma raiva enorme atravessou-lhe o corpo, seguida por um “calor de ódio e desgosto”. Coração frio, cabeça quente. Tinha acabado de saber que o namorado de 11 anos, com quem vivia há mais de três, a andava a trair. O verbo soou-lhe a nojo.

Uma mentira descoberta levou a outra e ao desfecho que nunca lhe passara pela cabeça. João não era, afinal, a pessoa fiel, aquele em que sempre tinha acreditado. E, ao mesmo tempo que ela descobria o pecado dele, João sentia também um abalo. “Tremi a sério quando lhe atendi o telefone e percebi pelo tom de voz que ela sabia”, conta para descrever o momento em que foi apanhado.

Ela ficou a duvidar de si própria. E ele teve a certeza de que não…